Com um olhar mais atento à sua saúde e ao seu corpo, as mulheres iniciaram um processo de compreensão sobre os efeitos da diminuição da produção hormonal e o organismo feminino. Com uma estimativa de que o mundo terá mais de um bilhão de pessoas entre a perimenopausa e a pós-menopausa até 2025, este assunto tem ganhado destaque e interesse nas mídias.
Mas o foco ainda é a menopausa, “oficialmente” datada após 12 meses sem ciclos menstruais. É necessário pontuar que, anos antes, os hormônios diminuem de forma gradativa e errática, em uma fase denominada climatério, com mudanças na saúde óssea, cardiovascular, metabólica e cerebral de parte das mulheres.
Existe uma ideia de que as mulheres no climatério não deveriam ser sintomáticas, afinal elas ainda têm ciclos menstruais e, portanto, “não deveriam estar reclamando ainda”. Mas, na verdade, este é o momento em que elas apresentam mais sintomas como fadiga, dores, ansiedade, pressão alta e alterações no sono, humor, concentração e memória.
A meu ver, a conversa e conscientização deveriam ser sobre o climatério – palavra esta que até pouco tempo atrás era desconhecida – para um acompanhamento preventivo, antes das mudanças já relacionadas a esta fase.
As dificuldades começam quando entendemos que o climatério não tem início e fim claros, dificultando seu estudo. Grandes ensaios clínicos de tratamentos, como a terapia de reposição hormonal, geralmente se concentram em mulheres na pós-menopausa, às vezes, anos depois de sua última menstruação.
Na prática, o que se percebe é que o conceito de que o diagnóstico de climatério é clínico e que os exames laboratoriais podem estar normais nesta fase não está claro nem para as mulheres nem para muitos médicos.