O medo do homem diante do autocuidado

Vamos combinar: o homem é um bichinho complicado de lidar. E aparentemente a tendência é só piorar com o tempo. Falo isso de uma posição privilegiada, muito mais do que testemunha ocular da história. Sei bem que, antes mesmo de chegar aos 40, o homem torce o nariz e faz cara feia à qualquer menção de procurar médico para avaliar como anda sua própria saúde.

Mas o homem tem algo bem ao seu lado que pode evitar tanta desgraça: a capacidade de aprender e recalcular a rota. Só que, para dar certo mesmo, o bichinho teimoso e marrento precisa verdadeiramente querer. E ainda hoje, pleno século 21 e em uma pós-pandemia, lidar com saúde integral e autocuidado ainda é relegado a segundo plano por um bando de homens capengas de autoestima.  

O próprio exame de próstata ainda é um tabu. E olha que autocuidado com a saúde do homem vai muito além disso! Check-ups médicos que deveriam ser constantes após os 50 anos, como urológicos, endocrinológicos, odontológicos, coloproctológicos e de andropausa passam longe, bem longe do vocabulário tanto de macho men quanto de cabecinhas ilustradas.

A pergunta natural é: por que insistimos com esse erro? A resposta é simples e boba: porque ainda não abrimos mão da ideia jurássica de que buscar ajuda é sinônimo de fragilidade. E “homem não pode ser frágil!”, logo soa o alarme da nossa testosterona.

Que bobagem épica! Seria risível se não fosse mesmo ameaçadora. O homem de mais de 50, bem resolvido e que faz valer seu lugar no mundo quer é sobreviver. Ele é tipo um “mecânico absoluto”: sabe muito bem da importância da manutenção e da revisão para tudo ficar tinindo. Isso resolve até ego masculino ferido, sei bem disso.

Mas agora me dá licença, pois eu mesmo tenho que praticar o que estou pregando. Está na hora de eu mesmo reconhecer que também tenho descuidado da minha saúde. Ainda é tempo de reverter isso e passar a cuidar de mim mesmo como deve ser feito. Cheguei agora aos 50, mas faz um tempinho que entendi que não sou indestrutível. 

Quero viver um tanto ainda. E para fazer isso acontecer eu preciso superar qualquer medo, insegurança, incerteza, paranoia, neura ou outros obstáculos que me impeçam de procurar por ajuda e cuidado. Nem sempre é fácil, mas não estou sozinho nisso. E você também não. 

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