“Longe de quem me faz mal, vivo plena, segura e feliz”

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De repente, o casamento que era sonho começou a esfriar. Foram 37 anos de relacionamento – 30 de casados. No início, achei que era só uma crise, mas ela foi se estendendo e não havia mais a vontade de beijar nem de fazer sexo.

Começou uma rivalidade absurda, além das cobranças. O amor tinha acabado. Quando eu falava para as amigas que eu ia me separar, elas diziam que eu já tinha passado dos 50, que agora era “ladeira abaixo” e que o melhor era deixar quieto e pular a cerca de vez em quando. Mas não era isso o que eu queria. Tinha compromisso com a minha família. Não queria viver uma vida dupla, que, aliás, não combina nada com a minha essência. Enfim, não queria viver uma vida de mentira. Também não me limitei à minha idade e tinha certeza de que viveria coisas muito melhores.

Antes da separação, comecei fazendo mudanças importantes na minha vida. Porque eu precisava recuperar minha autoestima. Entrei para a musculação e para o pole dance, importantíssimo para eu resgatar minha sensualidade perdida. Emagreci 8 quilos, mudei meu corpo e troquei a cor dos cabelos. Essas mudanças já me fizeram sentir muito bem e autoconfiante. E, depois de cinco anos pensando no que deveria fazer, em como os filhos se sentiriam, mesmos sendo adultos, no auge da pandemia, tomei coragem e fui em frente numa conversa sobre a separação. Ele anda ficou em casa três meses para se organizar. Até que o dia chegou.

Naquela noite, depois que ele foi, era uma segunda-feira. Terminei minhas atividades físicas, tomei banho e, muito leve, abri uma garrafa de vinho. Me senti livre! Nunca senti falta dele. Em alguns momentos, nem parece que ficamos juntos por uma vida inteira…Tinham me falado que eu sentiria o luto apenas quando ele fosse embora. O que não sabiam é que o luto já tinha sido vivido por longos cinco anos.

Cuidar do corpo, da mente e se aventurar

Emagreci mais cinco quilos, luto boxe e muay thai, continuo no pole dance, sigo firme na musculação. Rejuvenesci uns dez anos, tanto no corpo quanto na alma. Fiquei loira e me acho linda! Também terminei a autoescola. Meu ex-marido debochava quando eu dizia que ia voltar a dirigir. Hoje vivo plena, segura e feliz.

Estou separa há dois anos e foram os mais intensos e surpreendentes da minha vida. Me abri para o mundo, para situações e pessoas que jamais imaginei. Vivi tudo o que eu quis. Viajei, conheci gente, fui pedida em namoro algumas vezes, me apaixonei, me desapaixonei, fiquei solteira, mas nunca sozinha. Eu hoje escolho quando e onde quero ficar. Não aceito migalhas. Para ficar comigo, tem que me valorizar e respeitar. Fico sozinha ou acompanhada quando quero. Não faço nada por obrigação. Reatei laços perdidos. Retomei relações. Não fico mais ao lado de quem me faz mal.

Vivi uma imersão em mim mesma buscando meu autoconhecimento, curtindo cada descoberta, cada viagem. Várias vezes viajei sozinha, mas voltei com novos amigos. Passei por crises de ansiedade ao descobrir o câncer. Superei o desequilíbrio em casa, pois mesmo meus filhos sendo adultos, o pai fez falta no dia a dia. Precisei de uma coach para me ajudar na reestruturação da minha casa e da minha vida. Descobri que os anos de discussões me causaram feridas e busquei a cura.

Quebrei o ciclo de ser desvalorizada como pessoa, mulher e mãe. Tomei as rédeas da minha própria vida. Reequilibrei meu emocional e hoje me sinto pronta para voltar a me relacionar, a dar e receber carinho e amor. Estou em paz, com 57 anos, mas minha idade não me define porque ainda vou muito além.

*Adriana Esteves, graduada em Gestão de Negócios, mora em Niterói, Rio de Janeiro.



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