Sem ressentimento: limpe a gaveta das mágoas e viva melhor!

Todos nós sabemos que guardar mágoas não faz bem. Nem para o corpo nem para o emocional. Ainda assim, nossas gavetas íntimas estão cheias delas, não é? Algumas são miúdas, outras imensas. E todas, a seu modo, incomodam, nos levam a reviver ofensas, ressecam o espírito, corroem a alegria.

Que tal decretar que chegou a hora de liberar do peito mágoas antigas e viver melhor?

“A hora da reparação, do perdão, é agora, porque depois a gente morre. Atritos acontecem entre pessoas que convivem há muito tempo, mas é possível se reconectar com o amor e com a amizade de quem é importante em nossa história”, afirma a psicanalista e escritora Sylvia Loeb, cofundadora do MINMD.

Lembrando que perdoar é uma decisão autônoma, pois independe de ter recebido qualquer tipo de reparação por parte de quem nos machucou, ou seja, é uma escolha consciente de se libertar de sentimentos negativos, quer o ofensor mereça o nosso perdão ou não.

Perdoar também não significa concordar com o que nos aconteceu. De forma alguma. Temos o direito de nos magoar e sentir raiva por algum tempo, afinal somos humanos. A diferença é que, ao deixar a mágoa e os ressentimentos irem embora a certa altura da nossa jornada, estamos nos dando a chance de viver com mais leveza e alegria.

Perdoar faz bem para a saúde física e emocional

Uma pesquisa publicada no Journal of Behavioral Medicine mostrou que pessoas capazes de perdoar por livre vontade, sem que a parte ofensora tenha pedido desculpas, vivem mais do que aqueles que têm dificuldade de exercitar o perdão incondicional.

Perdoar e limpar mágoas:

  1. diminui o risco de ataque cardíaco;
  2. melhora os níveis de colesterol;
  3. colabora para o sono reparador;
  4. reduz a dor, pressão arterial e os níveis de ansiedade;
  5. combate a depressão e o estresse.

Meditar nos ajuda a praticar o perdão

Aliás, a meditação pode nos ajudar a deixar as mágoas se dissiparem. Um estudo realizado na Universidade de Emory, Georgia, Estados Unidos, conduzido pelo professor de budismo tibetano Geshe Lobsang Tenzin Negi e pelo professor Charles Raison, ambos do departamento de Psiquiatria e Ciências Comportamentais de Emory, provou que praticar um tipo particular de meditação pode ajudar a reduzir a resposta inflamatória ligada a situações de estresse interpessoal. Como se sabe, a inflamação tem efeitos cumulativos perigosos para a saúde.

“Dados de pesquisa mostram que quem pratica Lojong, como é chamado esse tipo de meditação, pode reduzir, além da resposta inflamatória, outras reações fisiológicas ao estresse que está associado a doenças como câncer, depressão e problemas cardíacos” , afirma Raison.

Na prática, é um treino para expandir o afeto para além do pequeno grupo que consideramos amigos.  Segundo os especialistas, essa atitude determina uma mudança no processo cognitivo que remodela nossos relacionamentos e permite conexões com toda a humanidade.

Como em outras modalidades, a lojong começa por exercícios respiratórios, que estabilizam a mente e refinam a atenção. Em seguida, vem o exercício do não julgamento, da atenção plena, da consciência corporal e o empenho em direcionar o foco no desejo de felicidade para todos.

Os pesquisadores mediram as respostas biológicas ao lojong e constataram que quanto maior a intensidade da prática, mais baixo o estresse. Os adeptos garantem que uma maior aceitação do outro pode ser um instrumento de saúde. “Sim, o pensamento positivo e uma mente livre das mágoas em relação ao outro pode beneficiar a saúde”, afirma o Dr. Geshe Lobsang Tenzin Negi.

Será que você está pronto para perdoar?

A doutora em psicologia Edith Eva Eger, autora de A liberdade é uma escolha (Sextante), entende a fundo do tema, pois, como sobrevivente do Holocausto, praticou o perdão num nível inconcebível para a maioria de nós.

Nesta obra ela compartilha algumas orientações para limparmos as mágoas do peito e perdoarmos os outros e a nós mesmos. Para começar, pense em alguém que prejudicou ou magoou você.

Veja se alguma dessas afirmações soa verdadeira para você: O que ele fez foi imperdoável; ele não merece o meu perdão; estou pronto para lhe presentear com meu perdão; se eu perdoar estarei libertando a pessoa, permitindo que ela continue me magoando; perdoarei quando houver justiça, um pedido de desculpas ou reconhecimento pelo erro.

Agora reflita: se você se identifica com alguma dessas afirmações, é provável que esteja investindo sua energia contra alguém, em vez de a favor de você mesmo e da vida que você merece. O perdão não é algo que se dá a alguém. É como você se liberta.

 

Gostou desse conteúdo? Compartilhe nas redes sociais

Respostas de 3

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Posts relacionados