Reposição hormonal: Uma lente para o cérebro

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“Costumo dizer: a reposição hormonal é como usar óculos. Às vezes, você não percebe que não pode ver até colocá-los”, afirmou a Dra. Sharon Malone, ginecologista e obstetra, especializada nas questões de saúde atreladas à menopausa, em uma entrevista no programa Oprah Daily.

Essa analogia pode ser estendida para compreender as mudanças graduais que ocorrem no corpo feminino durante o período que antecede a menopausa. Geralmente, essas transformações sutis não são imediatamente perceptíveis. 

Somente após iniciarmos um tratamento hormonal é que podemos realmente reconhecer que essas mudanças existiam e estavam influenciando significativamente nossa qualidade de vida.

Entre os aspectos mais afetados estão a memória e a cognição. Surpreendentemente, essas mudanças nem sempre são vinculadas aos desequilíbrios hormonais por muitas mulheres. 

No entanto, durante a transição para a menopausa, mais da metade das mulheres relatam problemas de memória. Estudos demonstram uma redução na velocidade de processamento cognitivo e um declínio na memória verbal durante este período.

A explicação para isso reside na variação dos níveis hormonais, que afetam diretamente a atividade metabólica cerebral. 

Especificamente, há uma diminuição de cerca de 30% na atividade em áreas do cérebro ricas em receptores de estrogênio, tais como o hipocampo — crucial para a memória — e o córtex pré-frontal, que é fundamental para as funções cognitivas. 

Assim, a adesão a um tratamento hormonal adequado pode trazer melhorias significativas para os sintomas associados à menopausa. Vários estudos indicam que mulheres que começam a terapia de reposição hormonal antes do término da menstruação se beneficiam em aspectos cognitivos. 

O tratamento correto melhora os sintomas da menopausa

Uma pesquisa aponta ainda que, quanto mais tarde a menopausa se inicia, melhor é o desempenho cognitivo observado. 

A revista Menopause, publicação da Sociedade Norte-americana de Menopausa, destacou que as ondas de calor podem agravar ainda mais o desempenho cognitivo nas mulheres em menopausa, enquanto aquelas que recebem reposição hormonal antes do fim da menstruação demonstram melhorias na função cognitiva.

Outro componente que surge como uma alternativa é a isoflavona, encontrada na soja. Esse micronutriente tem a capacidade de se ligar aos receptores de estrogênio no cérebro, oferecendo benefícios, embora mais discretos.

No entanto, a discussão em torno da reposição hormonal e seus benefícios ainda está longe de ser conclusiva. A maior parte das pesquisas foi conduzida com mulheres pós-menopáusicas. 

Contudo, tendências mais recentes na pesquisa sugerem que os benefícios mais substanciais da terapia hormonal podem ser observados durante o climatério, a fase que precede a menopausa.

Neste contexto, observa-se que diagnósticos muitas vezes não são realizados adequadamente, sintomas são subestimados, e existe uma carência de tratamentos devidamente estudados e validados. 

Isso resulta em uma piora progressiva da condição clínica sem o suporte e acompanhamento adequados. Considerando que seremos mais de 1 bilhão de mulheres enfrentando esta fase até 2025, é crucial que haja mais atenção e recursos dedicados a esta importante transição na vida das mulheres.

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