É por volta da década de 1950 que a juventude emerge de modo visível como um novo grupo social, como uma aspiração a ser seguida. De fato, não podemos negar que existe uma beleza ligada à força, à energia, ao entusiasmo, à impulsividade, ao desejo, à uma pele sem rugas e a um corpo firme.
Porém, a sociedade vem nos mostrando que ter entre 15 e 29 anos, etapa da vida na qual somos considerados jovens pela Organização Mundial de Saúde (OMS), não é garantia de felicidade absoluta como muita gente ainda acredita.
Um dos obstáculos do caminho são os inclementes padrões de beleza que nada mais são do que um conjunto de normas estéticas impostas pela sociedade e que variam de acordo com cada período e contexto histórico. Nos anos 50, por exemplo, o grande ideal de beleza era a atriz Marilyn Monroe, com suas curvas generosas, considerada acima do peso nos dias de hoje.
Porém, foi no fim dos anos 80 e durante o início dos 90, que as curvas foram substituídas por corpos secos e sem excessos, ideal perseguido até pouco tempo atrás. Acrescidos de imagens que buscam cada vez maior semelhança com os filtros usados nas redes sociais, o estrago está feito.
Sabemos os danos que tais padrões causam, principalmente em jovens: obsessão pela magreza,depressão, ansiedade, baixa autoestima, distúrbios alimentares como bulimia e anorexia, aumento dos procedimentos estéticos que, muitas vezes, podem até levar à morte.
O que não deixa de ser uma ironia, pois justamente o alvo são os jovens, principalmente mulheres, que são naturalmente belas porque são jovens…
A beleza da diversidade inclui e exalta mulheres mais velhas
Felizmente, por conta de mudanças culturais, a idolatria da juventude está dando lugar ao aparecimento de outros tipos de beleza muito mais diversos e interessantes. E, nesse caso, vejo com grande satisfação mulheres mais velhas ganhando cada vez mais espaço em territórios antes somente ocupados por jovens isentos de marcas do tempo, com corpos moldados milimetricamente pelo photoshop.
Para mim, a beleza é um conceito mais amplo, que aponta para além de um padrão imposto de fora para dentro. Gosto de pensar que novas características estão sendo atribuídas ao que é belo. Menos conectadas à faixa etária e às formas externas, são mais diversas e sensíveis a sinais mais subjetivos como maturidade, calma, solidariedade, inteligência, empatia….Ou seja, o olhar cada vez mais volta-se para dentro, para o conforto de sermos o que desejamos ser.
Todo jovem é bonito, concordo com isso, mas a beleza não é privilégio apenas deles.
A beleza é um sentimento de quem se sente vivo e ligado à vida.
É ou não é um privilégio?