Desapego: hora de fazer uma limpeza de fim de ano

Final de ano, um ciclo termina, outro começa. Momentos de virada nos pedem reformulações – internas e externas. Que tal começar pelo desapego dos objetos que foram se acumulando ao longo do ano? Organizar a bagunça, doar o que não está mais em uso e fazer uma bela faxina de fim de ano liberará espaço para novas energias circularem em sua vida. 

Em meio a tanta tralha, é preciso ter, pelo menos, um parâmetro para iniciar a limpeza de fim de ano e desapegar do que não serve mais. Anote aí: guarde apenas os objetos que façam você se lembrar de bons momentos.

Esse é o conselho de Marie Kondo (@mariekondo), autora do livro que virou um best-seller planetário, A Mágica da Arrumação: A arte japonesa de colocar ordem na sua casa e na sua vida (Sextante). A obra também originou duas séries da Netflix: Ordem na casa, com Marie Kondo; e A Magia do dia a dia.

A autora, que é consultora em Tóquio, uma cidade onde os espaços são preciosos, tornou-se um guru da organização aos 30 anos. Seu método baseia-se em um mantra: livre-se de tudo o que não fizer você sorrir. Parece fácil demais? Mas é transformador olhar para todos os nossos objetos sob esse ponto de vista. Você, com certeza, vai descobrir coisas sobre si mesmo que nunca imaginou!

Na prática, Marie Kondo ensina a pegar os objetos um por um (atenção, é um por um mesmo!) e perguntar: isso me traz alegria? Se a resposta for sim, guarde; se for não, jogue fora, recicle ou doe. Sem dó! Esse processo, ela avisa, permite que a gente se conheça melhor, estabeleça prioridades e libere o passado com gratidão, o que, inevitavelmente, nos impulsiona para o futuro.

“Quando reduz o volume de pertences a uma quantidade com a qual consiga lidar, você revitaliza sua relação com cada um deles. Jogar algo fora não é abrir mão das experiências vividas ou de sua identidade. Por meio do processo de escolher somente aquilo que lhe dá alegria, você consegue definir com precisão seus gostos e suas necessidades”, explica Marie Kondo em seu livro.

Dicas para facilitar o desapego e ter clareza do que guardar e do que doar

1-Peça ajuda

Chame um amigo ou alguém da família e compartilhe sua ideia. É bom ter companhia nessa hora. E um pouco de estímulo ajuda.

2-Separe os itens em categorias

Marie Kondo sugere que as faxinas sejam feitas por tipo de item. Só as roupas, só os livros, só os utensílios de cozinha, só a papelada e por aí vai. Ela acha que assim a organização é mais funcional se comparada à técnica de limpar um cômodo por vez.

3-Fique com o essencial

Seja honesto em relação à real utilidade de algo em sua vida. Aquilo não combina mais com seu estilo de vida? Apesar de estar em bom estado, não lhe cai bem? Você não utiliza determinada peça há mais de um ano? Você tem coisas só porque acha que um dia, talvez, vá precisar delas? Então, não há razão para continuar guardando esse item. Desapegue dele.

4- Determine o lugar de cada coisa

Esse é o melhor jeito de manter as coisas em ordem por mais tempo. E nada de espalhá-las após o uso. Usou, guardou. Assim é que deve ser, segundo Marie Kondo.

5-Deixe as lembranças e souvenirs para o final

Os últimos itens que você deve “atacar” na sua faxina de fim de ano são as lembranças, souvenirs, caixas de fotografias. Aproxime-se deles com respeito, sabendo que nem sempre é fácil entrar em contato com a memória afetiva e que ninguém tem que se livrar de todas as suas lembranças em algumas horas. Encontre um lugar digno delas, ou então, aceite que elas não precisam mais ocupar espaço em sua rotina.

Lembre-se, reduzir a quantidade de objetos pela casa deve fazer você se sentir bem. Mais leve, mais livre. Marie Kondo tem razão: só devemos carregar o que nos torna felizes. Ainda mais depois do 50.

Acumular objetos pode transformar-se em um problema à medida que envelhecemos

Nesse nosso tempo, consumimos demais, acumulamos demais, criamos necessidades apenas para poder comprar/usar/desejar novos e diferentes objetos. O resultado é muita tranqueira e uma dificuldade cada vez maior de manter a casa (e a vida) organizadas.

Os exageros de consumo podem ser prejudiciais em qualquer idade, mas, para os mais velhos, isso vira um problema ainda mais sério. Imagine quanto já acumulamos em 60 anos! Memórias, heranças, nossos tesouros pessoais, vamos juntando tudo e, em algum momento, sobra bem pouco espaço para nós mesmos.

Um estudo da Universidade da Califórnia, conduzido pela pesquisadora Monika Eckfield, lança luzes preocupantes sobre a tendência a acumular objetos na velhice.

Segundo ela, a tendência a acumular objetos começa antes, na idade adulta, mas só piora com a idade, não só porque os objetos podem ir adquirindo tons mais nostálgicos e remetendo a memórias e lembranças queridas, mas também porque chega um ponto em que não dá nem mais para saber o que fazer com tanta tralha.

No limite, o problema pode virar uma desordem psíquica, cujo nome, por si só, assusta: silogomania. Popularmente, as pessoas que sofrem desse mal são chamadas de acumuladores. Um transtorno que afeta de 2 a 5 % da população, de acordo com o mesmo estudo e que acaba sendo uma barreira para uma vida normal porque vai se associando a outras síndromes.

Acumuladores costumam negligenciar os cuidados pessoais, como também preferem se isolar socialmente. Além de solitários e deprimidos, passam a viver em condições insalubres de habitação. Por isso, é preciso estar atento aos sinais, caso uma pessoa querida esteja apresentando essa tendência. Com o devido acompanhamento médico e psicológico, o quadro tende a melhorar. 

Depois dos 50, as mudanças são bem-vindas, seja para tornar a vida mais simples, seja para ficar mais perto da família, seja por pura diversão e desejo de ‘virar a página’ e iniciar mais um ciclo com energias renovadas.

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